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Musical com direção de Miguel Falabella marca entrada do Sesi nesse gênero teatral

Durante o ensaio de terça-feira (2) de “A Madrinha Embriagada”, em São Paulo, o tradutor e diretor Miguel Falabella primeiro mudou o nome da personagem de Saulo Vasconcelos, de Feldzieg para Iglesias. Foi para homenagear Luiz Iglesias, produtor e depois marido da célebre atriz Eva Todor, 93 –que estreou no palco em 1934, como bailarina de uma revista musical de Iglesias, “Quanto Vale uma Mulher”.

Mais alguns minutos e, ao passar uma cena, o diretor decidiu mudar também o nome da personagem de Kiara Sasso, de Kitty para Eva.

Vasconcelos e Sasso, dois dos principais atores-cantores a surgirem da explosão do musical na última década no Brasil, interpretam um produtor e uma corista neste espetáculo que celebra os musicais de um século atrás.

Mas era originalmente uma celebração dos musicais da própria Broadway, quando o espetáculo “The Drowsy Chaperone” estreou em Nova York, em 2006, e conquistou cinco prêmios Tony.

Falabella não gostou e, na adaptação, mudou tudo, a começar do título. De “a letárgica dama de companhia”, na tradução literal, trocou para “a madrinha embriagada”.

“Tem que trazer para nós, para o Brasil, senão fica muito chato”, afirma ele, que está em cartaz como ator até este domingo com “Alô, Dolly!”, da Broadway, mas se diz cansado de musicais estrangeiros.

“A Madrinha Embriagada”, assim, é apresentada como uma versão brasileira do espetáculo americano de 1928 feita por um fictício “João Canarinho” e que teria estreado também em 1928 no teatro São Pedro, na Barra Funda.

Nas mãos de Falabella, virou uma “revue modernista”, revista musical com referências do movimento modernista, como a cena em uma mansão da avenida Paulista onde vive uma quatrocentona com seus quadros de jovens artistas paulistanos.

“Está na hora do musical nacional”, diz o diretor, que já anuncia seu próximo trabalho: comprou os direitos de “Memórias de um Gigolô”, de Marcos Rey, e vai adaptá-lo para musical, com composições de Josimar Carneiro.

Falabella fala seguidamente sobre o elenco que juntou. “É a nata do teatro musical brasileiro, vozes lindas, gente de Brasília, de Minas, do Rio de Janeiro”, repete.

MILHÕES

O brasiliense Vasconcelos e a carioca Sasso, por exemplo, começaram a atuar juntos em “A Bela e a Fera”, há dez anos. Desde então já dividiram o palco em “O Fantasma da Ópera”, “A Noviça Rebelde” e “Mamma Mia!”.

Sara Sarres, que faz Jane, atuou em “Fantasma”, “Les Misérables” e “Cats”, entre outros. É ela quem responde pelo quadro mais memorável de “The Drowsy Chaperone”, com a canção “Show Off”, em que anuncia que quer deixar o palco, quer deixar de “aparecer”, sem maior convicção.

Stella Miranda, a “madrinha”, é parceira de Falabella desde os anos 1980 e trabalhou com ele, no Rio, nos musicais “South American Way” e “Império”. Adriana Caparelli, que faz Dora, vem dos musicais do Teatro Oficina.

O elenco de 25 reúne atores e bailarinos que estiveram em boa parte dos musicais da última década, apresentados em teatros paulistanos que acabaram se especializando no gênero, como Bradesco, Alfa e Renault, ex-Abril.

O Teatro do Sesi, agora, não economiza para entrar no grupo. “A Madrinha…”, que estreia no dia 14 de agosto, tem seu orçamento de R$ 12 milhões bancado integralmente pela instituição, sem apoio de leis de incentivo.

Os números da produção são grandiloquentes: dividindo o palco com o elenco de 25, uma orquestra com 15 músicos; temporada de 11 meses, totalizando 325 apresentações, oito por semana; público final de 148 mil pessoas.

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